14/03 - HardSoft
O consenso de que empresas estabelecidas correm o risco de uma startup mudar o mercado faz com que os altos executivos se mantenham firmes no incentivo à inovação
O objetivo deste artigo é conhecer o que está sendo feito pelas empresas e pelo mercado em busca da implantação da cultura de inovação e quais são as ferramentas e técnicas aplicadas.
Ao analisarmos o contexto de três empresas, observamos que, em todos os casos, há um esforço grande em ter organizações ou áreas focadas em inovação. Essas companhias possuem uma separação evidente da operação de entrega dos produtos e serviços das áreas de inovação. Isso confirma que há uma tendência forte das empresas adotarem esse modelo e assim reduzir o risco da estagnação devido ao conflito.
Podemos observar que há algumas características comuns nestas empresas
1 - Atenção especial ao mercado – As empresas estão sempre observando e usando cada vez mais informações de mercado, seja do consumidor, seja das empresas concorrentes para conhecer as oportunidades e se antecipar aos movimentos para atingir vantagens competitivas. Essas vantagens vêm por meio da diferenciação, em que se busca oferecer produtos e serviços que não tenham concorrentes diretos pelo máximo de tempo possível.
2 – Envolvimento de especialistas – As empresas entendem que não é possível inovar usando apenas as expertises já existentes na empresa. É essencial ter em seu quadro, seja direto ou por meio de contratos com parceiros, profissionais com expertise em inovação; profissionais capazes de identificar problemas ou oportunidades, cuja solução não é conhecida e buscar combinações e meios alternativos para solucioná-los.
3 – Capacidade de investimento – O resultado de projetos inovadores é incerto e o risco associado é alto. É fácil perceber o tamanho do risco pelo volume baixo de projetos bem-sucedidos, que, de acordo com Philip Kotler, autor do livro “A Bíblia da Inovação, é de apenas 8% segundo. A busca por eficiência e redução de custos das operações conflita com o modelo de negócio da inovação, até porque uma das premissas ao trabalhar com incertezas é que haverá desperdícios, projetos que não trarão resultados – e o erro não necessariamente é um problema. Investir com este grau de risco e incertezas requer um planejamento estratégico de médio a longo prazo.
4 – Negócios na era digital – Reconhecer que os produtos e serviços oferecidos atualmente vão passar por grandes transformações com o surgimento e massificação das novas tecnologias também é um elemento comum nas empresas. Apesar de reconhecerem que oferecem bons produtos e serviços, há um consenso de que é temporário e que o risco de uma empresa nova (startup) possa mudar o mercado de tal forma que signifique o fim de um modelo de negócio faz com que os altos executivos se mantenham firmes no incentivo e patrocínio da inovação.
Iniciar um processo de inovação também não é fácil. Não basta juntar pessoas com ideias interessantes, é preciso viabilizar a transformação dessas ideias em resultados. Fazer esse tipo de gestão, na qual procurar o momento ideal em que uma ideia se transforma numa oportunidade de negócio, requer uma análise que nem sempre é objetiva. Imagine virar para o seu gerente de produção e falar que não vai existir mais a fábrica, pois o item pode ser produzido diretamente na residência do cliente com o uso da tecnologia das impressoras 3D. Acreditar na viabilidade e lidar com todas as barreiras requer um perfil de gestor que não é o mais comum no mercado, um gestor desafiador.
Hoje existem grupos de investimento (investidor anjo) que fazem análises de ideias e inovações para decidir em quais vale a pena investir. Nas empresas, isso acontece igualmente para definir quais inovações devem priorizar e investir. Ser mais ou menos agressivo? É um modelo de negócio completamente diferente e novo para grandes empresas.
*Lucas Ricardo Mendes de Souza, especialista Inmetrics
Por: Inmetrics
Nenhum comentário:
Postar um comentário